PROCURADO! UM ENSAIO SOBRE O CANGAO E
CULTURA DE VIOLNCIA NO ENSINO DE HISTRIA
Wagner de Arajo Rablo
Curso de Histria CCHLA DEHIS
[email protected]
Dra. Ftima Martins Lopes (orientadora)
Dep. de Histria PIBID Histria UFRN
INTRODUO
METODOLOGIA
O presente trabalho prope analisar o movimento social do Cangao no Nordeste brasileiro,
a partir de uma perspectiva da Histria Social da Cultura. Nesta viso temos o entendimento de
que o cangaceiro foi um sujeito de sua prpria histria, o que significa pensar que suas aes no
constituem meros reflexos de influncias externas, mas possuem lgica e motivaes prprias,
que podem ser compreendidas por uma anlise de uma Histria vista de baixo, sem
desconsiderar o constante conflito com os atores de cima (as elites). Esta pesquisa traz um
novo olhar para a temtica do Cangao, de forma a perceber como a anlise de uma cultura da
violncia daquela poca, permite uma melhor compreenso da populao do serto nordestino
no incio do sculo XX. A violncia foi um elemento caracterstico deste grupo, sendo aceita como
legitima por alguns membros da sociedade nordestina, ontem e hoje. fundamental percebermos
que esta cultura da violncia ainda permeia nossa sociedade hoje, no como naquela do incio
do sculo, mesmo travestida com outra roupagem Pensando neste problema da violncia,
temos como objetivo trabalhar em uma perspectiva pedaggica da transversalidade e
interdisciplinaridade, seguindo as orientaes do PCN e PCN + de Histria. Esta proposta visa
desenvolver nos alunos de educao bsica, a noo de que o Brasil , e sempre foi um pas de
uma cultura plural. A relevncia desta proposta consiste na ideia de proporcionar uma formao
cidad para estes alunos, em uma perspectiva da Histria Social da Cultura. Este olhar, tem como
objetivo o desenvolvimento de valores prprios de uma sociedade democrtica, respeito,
tolerncia, etc. Valores estes, os quais devem ir contra aquela cultura da violncia dita
anteriormente.
Aps as leituras bibliogrficas foi desenvolvido uma observao na turma de
3 srie de Ensino Mdio em forma de pesquisa do tipo etnogrfico. Depois, foi
realizado um questionrio sobre os primeiros conhecimentos dos alunos acerca da
temtica do Cangao, e da utilizao de outras fontes de informao no aprendizado
em Histria. A partir desta primeira coleta de informaes, foi possvel planejar duas
aulas expositivas dialogadas a respeito do contexto histrico do Cangao e da
cultura de violncia , presente naquela sociedade, neste momento trabalhamos
com as fontes histricas. No terceiro encontro foi aplicado uma atividade de
avaliao de aprendizagem, a qual solicitava que o aluno refletisse sobre os valores
presentes naquela sociedade nordestina da primeira metade do sculo XX, pensando
a cultura de violncia como um elemento de permanncia em nosso meio hoje,
porm, ela apresentada, atualmente, de outras formas, como por exemplo, a
violncia escolar, o cyberbully.
OBJETIVOS
o Analisar o contexto histrico da sociedade Nordestina da primeira metade do sculo XX, por
meio do estudo de fontes histricas oficiais acerca do movimento de banditismo social do
Cangao;
o Dinamizar a construo do saber histrico dos discentes do Ensino Mdio, alm do livro
didtico, atravs da leitura e anlise de outras fontes de informaes;
oTrabalhar a temtica do Cangao, a partir da perspectiva da Histria Social da Cultura;
oDiscutir a cultura de violncia presente na sociedade nordestina durante a primeira metade do
sculo XX, percebendo sua permanncia em nosso meio hoje.
RESULTADOS
Trabalhar com fontes histricas no Ensino de Histria se mostrou um rduo e
cativante desafio. As aes visaram a construo do saber histrico a partir das
fontes selecionadas previamente. Contudo, a falta de estrutura, de concentrao dos
discentes, da reduo dos horrios, entre outros fatores, dificultaram um trabalho
mais prolongado com estes alunos. Porm, tais situaes servem como reflexo e
anlise desta proposta inovadora no Ensino de Histria. Percebemos que os alunos
se mostraram muito interessados e participativos nas aulas. A Histria no deve ser
mais vista apenas como uma disciplina decoreba, a qual prope ao aluno apenas a
memorizao dos fatos e personagens histricos. Ela deve questionar o aluno,
incentivar e desenvolver um aspecto crtico no sujeito, fazer com que o discente
pense e reflita o meio em que vive. Foi possvel perceber tais aspectos quando
demos a oportunidade de voz aos alunos, tanto nas aulas, quanto na atividade
proposta. Os alunos tiveram sucesso, nas atividades, em perceber esta cultura de
violncia como uma continuidade daquela sociedade nordestina da primeira
Repblica. Desenvolveram a ideia de que o procurado Lampio nem era bandido e
nem heri; mas, sim, um sujeito de seu tempo, o qual exercia suas prticas de
violncia, legitimadas por aquela mesma sociedade.
CONCLUSES
A construo do saber histrico a partir do uso de fontes histricas e por uma
perspectiva inovadora como a Histria Social da Cultura se mostrou bastante
interessante. O trabalho com esta perspectiva foi fundamental para que os discentes
atentassem para outros aspectos do estudo da Histria, alm do vis poltico
tradicional, o qual se mostrou e ainda dominante nos currculos de Histria da
educao bsica. Desta forma, importante que trabalhos desta natureza continuem
e se aperfeioem, para que possamos reverter esta estagnao do Ensino de Histria
na educao bsica do nosso pas.
REFERNCIAS
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Cartaz de procurado emitido pelo Estado da Bahia. Disponvel em . Acesso em 20/10/2011.
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Cartaz de procurado emitido pelo Estado da Bahia